Num dos lugares onde vou, estão a finalizar um grande e importante equipamento de saúde pública, digno de relevo.

 

Já sei que foi construído com tudo o que há de melhor e mais actual. Dado o uso a que se destina, parece um edifício simples e discreto e até pouco atractivo, com revestimento de tons claros e neutros.

 

Em volta, em meio ao aparcamento, pequenas extensões de filas de terra, coberta com casca de árvore, como canteiros, pude ver a apreciar as plantas e árvores que escolheram. Tudo com rega automática e algumas manchas de erva nova verdinha, tudo a condizer, tudo simples e agradável.

 

Percorrendo a margem lateral da propriedade, a mesma ordem, plantas em fileiras, desta espécie e logo a seguir outras fiadas de outra espécie e jovens árvores que de nenhuma sei o nome, mas até gostaria de saber e de as compreender, assim como aos arbustros. Mas, lá, aonde muito pouca gente irá, encontrei algo que nunca tinha visto antes. Parecia como que um remate lá nos confins do jardim, como se tivesse expirado tanto jardim minuciosamente ordenado. Ali numa razoável extensão da propriedade estava algo lindo de morrer. Tocava o coração só de olhar. Não conseguia parar de apreciar e até me apetecia morar ou ficar envolvido num lugar assim, sem tempo, prolongando aquela alegria interior discreta e diria até, desconhecida, que me fazia sorrir naturalmente estarrecido.

Ao comentar o que vi alguém me disse: são flores da pradaria!

 

E eu pensei: pois, está certo, se estendesse aquele pequeno pedaço de terra pela extensão de uma pradaria, compreendo que estaria no paraíso, mas mesmo assim eu nunca tinha visto tal profusão e diversidade de flores em nenhuma pradaria, nem em nenhum dos filmes que tivesse visto.

 

Para mim era a minha primeira vez. Era uma profusão esparsada de flores de todos os tamanhos, de todas as cores, muitas pareciam dálias mas não o eram, eram de outra espécie, de nenhuma eu sabia o nome, eu diria que nunca as tinha visto antes, todas brotando de modo desordenado, umas entre as outras, numa terra sequíssima, como é próprio dos dias tão quentes e secos que se têm sentido, porque era assim que devia ser. Passeei pelo meio delas por entre os pequenos espaços onde podia colocar os pés. Mesmo algumas da mesma espécie mas com cores diferentes, muito bonitas, me deixavam admirado e comtemplativo.

 

Pensei logo na minha querida pequenina. Como seria bom se a pudesse levar a ter aquela experiência que eu estava a ter....levando-a aquele local... Ainda não desisti, mas, um dia decidi, embora com alguma relutância, que iria cortar umas poucas e levar-lhas.

 

Procurei os caules que tinham uma flor madura e uma nova e deixava a nova. Escolhi demoradamente quais as cinco eleitas e cortei-as uma a uma, com o caule mais longo que pude, para que pudessem sobreviver melhor numa jarra lá em casa. Era como levar um pedacinho daquela alegria comigo lá para casa e fazê-la irradiar não só no momento da surpresa mas depois, colocando-as num lugar bem visível.

 

Quando cheguei a casa todos se admiraram, porque também não conheciam aquelas flores, (não são como as que se comercializam apesar de parecerem bem robustas e resistentes), e as cores, as suas estruturas eram soberbas.

 

Contei-lhes que descobri que Deus também pensou na felicidade das joaninhas e de outros pequenos insectos. disse-lhes que após ter cortado aquelas flores, aquelas que tinham um intenso conjunto de pétalas como se fossem um pom-pom multicolorido, depois de as manusear, reparei que começaram a sair um pequeno insecto e duas joaninhas pequeninas, como que incomodados, pois abrigavam-se ali do intenso calor e também da noite, porque era de manhã bem cedo.

Como seriam felizes a morarem e abrigarem-se naquele lugar tão cheirosinho e tão alegre e colorido, bem ventilado e à sombra. E pensei para mim: O Pai do Céu até das joaninhas deseja a felicidade.

Após a surpresa, a imaginação da minha pequenina pode mostrar como era feliz para ela aquele acontecimento.

 

Ontem conheci o autor daquele projecto de jardinagem, e só depois me disse que era arquitecto paisagístico.

Eu perguntei-lhe: sabe qual o jardim que encontrei mais bonito? Ele pensava que era aquele em que estávamos a falar. Disse-lhe: è aquele que é menos cuidado, é o jardim das flores da pradaria. Com surpresa, refez o seu sorriso largo e com um brilho intenso no olhar falou que tinha decidido assim por também gostar muito.

 

Ele não as tinha feito, somente as tinha mandado semear, como parte das boas decisões que ali tinha tomado.

 

Digam lá se não é mais um Postal do Céu diante dos nossos olhos, aqui, na Terra.

 

Aquele jardim era O Mais Bonito!

publicado por porta-estandarte às 20:23